domingo, 20 de fevereiro de 2011

Caracteristicas Gerais da Obra

Características Gerais da Obra

- “Os Maias” é uma das obras mais conhecidas do escritor português Eça de Queirós. O livro foi publicado no Porto em 1888.
Resumo da obra
Tudo começa no 1º capítulo, quando se descreve a casa – “O ramalhete”- Lisboa.
 O nome vem-lhe de um painel de azulejos com um ramo de girassóis, situado na casa.
Afonso da Maia casou-se com
Maria Eduarda Runa e do seu casamento resultou apenas um filho - Pedro da Maia.
 Pedro da Maia, que teve uma educação tipicamente romântica, era muito ligado à mãe e após a sua morte ficou inconsolável, tendo só recuperado quando conheceu uma mulher chamada
Maria Monforte, com quem casou. Deste casamento resultaram dois filhos:
Carlos Eduardo e Maria Eduarda. Algum tempo depois, Maria Monforte apaixona-se por Tancredo e foge com ele para Itália, levando consigo a filha, Maria Eduarda.
Quando sabe disto, Pedro, destroçado, vai com Carlos para casa de Afonso, onde se suicida.
Passam-se alguns anos e Carlos torna-se médico – abre um consultório. Mais tarde conhece uma mulher no Hotel Central num jantar organizado por Ega (seu amigo dos tempos de Coimbra) em homenagem a Cohen. Essa mulher vem mais tarde saber chamar-se Maria Eduarda. Os dois apaixonam-se.
 Maria Eduarda crê que apenas teve uma irmãzinha que morreu em Londres. Os dois namoram em segredo. Carlos acaba depois por descobrir que Maria lhe mentiu sobre o seu passado – podiam ter-se zangado definitivamente. Aí Ega descobre tudo, conta a Vilaça (procurador da família Maia) e este acaba por contar a Carlos o incesto que anda a cometer. Afonso da Maia morre de desgosto.

A história

A acção de "Os Maias" passa-se em Lisboa, na segunda metade do séc. XIX.
Apresenta-nos a história de três gerações da família Maia.
A acção inicia-se no Outono de 1875, quando Afonso da Maia, nobre e rico proprietário, se instala no Ramalhete com o neto recém-formado em Medicina. Neste momento faz-se uma longa descrição da casa – “O Ramalhete”.
 Afonso da Maia era a personagem mais simpática do romance e aquele que o autor mais valorizou, pois não se lhe conhecem defeitos. É um homem de carácter, culto e requintado nos gostos.

Lisboa

Há na obra um retrato da Lisboa da época. Carlos, que mora na Rua das Janelas Verdes, caminha com frequência até ao Rossio (embora, por vezes, vá a cavalo ou de carruagem). Algumas das lojas citadas no livro ainda existem – a Casa Havaneza, no Chiado, por exemplo. É possível seguir os diferentes percursos de Carlos ou do Ega pelas ruas da Baixa lisboeta, ainda que algumas tenham mudado de nome. No final do livro, quando Carlos volta a Lisboa muitos anos depois, somos levados a ver as novidades – a Avenida da Liberdade, que substituiu o Passeio Público, e que é descrita como uma coisa nova, e feia pela sua novidade, exactamente como nos anos 70 se falava das casas de emigrante.

O Ramalhete

Habitado no Outono de 1875, o Ramalhete situava-se na Rua de São Francisco de Paula, Janelas Verdes, Lisboa. É portanto uma casa afastada do centro de Lisboa, na altura, num local elevado da cidade, no bairro onde hoje se situa o Museu Nacional de Arte Antiga. O seu nome deriva do painel de azulejos com um ramo de girassóis pintados que se encontrava no lugar heráldio, ao invés do brasão de família. Estes girassóis não são desapropriados, pois simbolizam a ligação da família à terra, à agricultura.
O Ramalhete corresponde à descrição do palácio do
Conde de Sabugosa, grande amigo de Eça de Queirós e membro do grupo dos Vencidos da Vida. As paredes severas e a tímida fila de janelinhas são ainda visíveis nas fachadas do casarão.
Em Os Maias, o Ramalhete é visto em três perspectivas diferentes:
  • - Posto ao abandono
  • - Habitada por Carlos da Maia e o avô, depois de decorada por um inglês.
  • - Dez anos depois, posta novamente ao abandono, depois de ser habitada dois anos (2ª perspectiva) 
A crítica social/dos costumes

O romance veicula sobre o país uma perspectiva muito derrotista, muito pessimista. Tirando a natureza, é tudo uma «choldra ignóbil». Predomina uma visão de estrangeirado, de quem só valoriza as «civilizações superiores» – da França e Inglaterra, principalmente.
Os políticos são mesquinhos, ignorantes ou corruptos (Gouvarinho, Sousa Neto); os homens das Letras são boémios e dissolutos, retrógradas ou distantes da realidade concreta (Alencar, Ega…: lembre-se o que se passou no Sarau do Teatro da Trindade); os jornalistas boémios e venais (Palma…); os homens do desporto não conseguem organizar uma corrida de cavalos, pois não há hipódromo à altura, nem cavalos, nem cavaleiros, as pessoas não vestem como o evento exigia, são feias.
Para cúmulo de tudo isto, os protagonistas acabam «vencidos da vida».
Mais do que crítica de costumes, o romance mostra-nos um país – sobretudo Lisboa – que se dissolve, incapaz de se regenerar.
Quando o autor escreve mais tarde A Cidade e as Serras, expõe uma atitude muito mais construtiva: o protagonista regenera-se pela descoberta das raízes rurais ancestrais não atingidas pela degradação da civilização, num movimento inverso ao que predomina n’Os Maias.

O papel das mulheres na obra

Eça nasceu filho de uma relação não-marital. Embora os seus pais tivessem casado e tido mais filhos posteriormente, nunca o reconheceram como filho. Eça foi criado com a avó, depois com uma ama e, mais tarde num colégio. Os historiadores tentam estabelecer um paralelo entre o que a mãe de Eça representou para ele e a caracterização das mulheres na obra de Eça.
Na obra várias mulheres têm relações amorosas fora do casamento. A primeira é Maria
Monforte, a Negreira, que foge com o napolitano Tancredo, levando consigo a filha e originando a intriga principal. Raquel Cohen não resiste aos encantos de Ega, e amantiza-se com ele, mesmo sendo casada. O mesmo acontece entre Carlos da Maia e condessa de Gouvarinho. Maria Eduarda não era casada, mas apresenta-se em Lisboa com o apelido do acompanhante, ao passo que toda a sociedade lisboeta pensasse que este fosse seu marido. Ainda assim (e, aos olhos de Carlos, casada) envolve-se num romance com Carlos, que os leva a cometer o incesto.
Todas são caracterizadas como seres fúteis e envoltas num ambiente de insatisfação [Maria Monforte (enquanto casada com Pedro da Maia), a Gouvarinho e Raquel Cohen] e mesmo de degradação (imagem que é dada de Maria Monforte no seu apartamento de Paris).
Ao passo que Maria Monforte e Maria Eduarda se inserem das tramas secundária e principal, respectivamente, as duas outras personagens são personagens-tipo, que caracterizam a sociedade e os costumes da época.

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