domingo, 20 de fevereiro de 2011

Cesário Verde


José Joaquim Cesário Verde nascido em Lisboa, 25 de Fevereiro de 1855, onde morreu em Lumiar a 19 de Julho de 1886.
Foi um poeta português, sendo considerado um dos precursores da poesia que seria feita em Portugal no século XX.
Filho do lavrador e comerciante José Anastácio Verde e de Maria da Piedade dos Santos Verde, Cesário matriculou-se no Curso Superior de Letras em 1873, mas apenas o frequentou alguns meses. Ali conheceu Silva Pinto, que ficou seu amigo para o resto da vida. Dividia-se entre a produção de poesias (publicadas em jornais) e as actividades de comerciante herdadas do pai.
Em 1877 começou a ter sintomas de tuberculose, doença que já lhe tirara o irmão e a irmã. Estas mortes inspiraram contudo um de seus principais poemas, “Nós” em1884.
Tenta curar-se da tuberculose, mas sem sucesso, portanto no ano seguinte Silva Pinto organiza O Livro de Cesário Verde, compilação da sua poesia publicada em 1901.

Linguagem e estilo

No seu estilo delicado, Cesário empregou técnicas impressionistas, com extrema sensibilidade ao retratar a Cidade e o Campo, que são os seus cenários predilectos. Evitou o lirismo tradicional, expressando-se de uma forma mais natural.
Eis algumas das características estilísticas e linguísticas: vocabulário objectivo; imagens extremamente visuais de modo a dar uma dimensão realista do mundo (daí poeta-pintor); pormenor descritivo; mistura o físico e o moral; combina sensações; usa sinestesias, metáforas, comparações, hipálage; emprega dois ou mais adjectivos a qualificar o mesmo substantivo; quadras, em versos decassilábicos ou alexandrinos.

Caracterização das Personagens

Afonso da Maia

Caracterização Física

Afonso era baixo, maciço, de ombros quadrados e fortes. A sua cara larga, o nariz aquilino e a pele corada. O cabelo era branco, muito curto e a barba branca e comprida. Como dizia Carlos: "lembrava um varão esforçado das idas heróicas, um D. Duarte Meneses ou um Afonso de Albuquerque".

Caracterização Psicológica

Provavelmente o personagem mais simpático do romance e aquele que o autor mais valorizou. Não se lhe conhecem defeitos. É um homem de carácter culto e requintado nos gostos. Enquanto jovem adere aos ideais do Liberalismo e é obrigado, pelo seu pai, a sair de casa; instala-se em Inglaterra mas, falecido o pai, regressa a Lisboa para casar com Maria Eduarda Runa. Dedica a sua vida ao neto Carlos. Já velho passa o tempo em conversas com os amigos, lendo com o seu gato – Reverendo Bonifácio – aos pés, opinando sobre a necessidade de renovação do país. É generoso para com os amigos e os necessitados. Ama a natureza e o que é pobre e fraco. Tem altos e firmes princípios morais. Morre de uma apoplexia, quando descobre os amores incestuosos dos seus netos. É o símbolo do velho Portugal que contrasta com o novo Portugal.

Pedro da Maia


Caracterização Física

Era pequenino, face oval, olhos bonitos – "assemelhavam-no a um belo árabe". Valentia física.

Caracterização Psicológica

Pedro da Maia apresentava um temperamento nervoso, fraco e de grande instabilidade emocional. Tinha assiduamente crises de "melancolia negra que o traziam dias e dias, murcho, amarelo, com as olheiras fundas e já velho".
O autor dá grande importância à vinculação desta personagem ao ramo familiar dos Runa e à sua semelhança psicológica com estes.
Pedro é vítima do meio baixo lisboeta e de uma educação retrograda. O seu único sentimento vivo e intenso fora a paixão pela mãe.
Apesar da robustez física é de uma enorme cobardia moral (como demonstra a reacção do suicídio face à fuga da mulher). Falha no casamento e falha como homem.

Carlos da Maia 

Caracterização Física

Carlos era um belo e magnífico rapaz. Era alto, bem constituído, de ombros largos, olhos negros, pele branca, cabelos negros e ondulados. Tinha barba fina, castanha escura, pequena e aguçada no queixo. O bigode era arqueado aos cantos da boca. Com diz Eça, ele tinha uma fisionomia de "belo cavaleiro da Renascença".

Caracterização Psicológica

Carlos era culto, bem educado, de gostos requintados. Ao contrário do seu pai, é fruto de uma educação à Inglesa. É corajoso e frontal. Amigo do seu amigo e generoso. Destaca-se na sua personalidade o cosmopolitismo, a sensualidade, o gosto pelo luxo, e diletantismo (incapacidade de se fixar num projecto sério).
Todavia, apesar da educação, Carlos fracassou. Não foi devido a esta mas falhou, em parte, por causa do meio onde se instalou – uma sociedade parasita, ociosa, fútil e sem estímulos e também devido a aspectos hereditários – a fraqueza e a cobardia do pai, o egoísmo, o futilidade e o espírito boémio da mãe.

Maria Eduarda

Maria Eduarda era uma bela mulher: alta, loira, bem feita, sensual mas delicada, "com um passo soberano de deusa".

Maria Monforte

Caracterização Física

É extremamente bela e sensual. Tinha os cabelos loiros, "a testa curta e clássica, o colo ebúrneo".

Caracterização Psicológica

É vítima da literatura romântica e daqui deriva o seu carácter pobre, excêntrico e excessivo. Costumavam chamar-lhe negreira porque o seu pai levara, noutros tempos, cargas de negros para o Brasil, Havana e Nova Orleans. Apaixonou-se por Pedro e casou com ele. Desse casamento nasceram dois filhos.
Mais tarde foge com o napolitano, Tancredo, levando consigo a filha, Maria Eduarda, e abandonando o marido e o filho - Carlos Eduardo.
Leviana e imoral, é, em parte, a culpada de todas as desgraças da família Maia. Fê-lo por amor, não por maldade. Morto Tancredo, num duelo, leva uma vida dissipada e morre quase na miséria.

Caracteristicas Gerais da Obra

Características Gerais da Obra

- “Os Maias” é uma das obras mais conhecidas do escritor português Eça de Queirós. O livro foi publicado no Porto em 1888.
Resumo da obra
Tudo começa no 1º capítulo, quando se descreve a casa – “O ramalhete”- Lisboa.
 O nome vem-lhe de um painel de azulejos com um ramo de girassóis, situado na casa.
Afonso da Maia casou-se com
Maria Eduarda Runa e do seu casamento resultou apenas um filho - Pedro da Maia.
 Pedro da Maia, que teve uma educação tipicamente romântica, era muito ligado à mãe e após a sua morte ficou inconsolável, tendo só recuperado quando conheceu uma mulher chamada
Maria Monforte, com quem casou. Deste casamento resultaram dois filhos:
Carlos Eduardo e Maria Eduarda. Algum tempo depois, Maria Monforte apaixona-se por Tancredo e foge com ele para Itália, levando consigo a filha, Maria Eduarda.
Quando sabe disto, Pedro, destroçado, vai com Carlos para casa de Afonso, onde se suicida.
Passam-se alguns anos e Carlos torna-se médico – abre um consultório. Mais tarde conhece uma mulher no Hotel Central num jantar organizado por Ega (seu amigo dos tempos de Coimbra) em homenagem a Cohen. Essa mulher vem mais tarde saber chamar-se Maria Eduarda. Os dois apaixonam-se.
 Maria Eduarda crê que apenas teve uma irmãzinha que morreu em Londres. Os dois namoram em segredo. Carlos acaba depois por descobrir que Maria lhe mentiu sobre o seu passado – podiam ter-se zangado definitivamente. Aí Ega descobre tudo, conta a Vilaça (procurador da família Maia) e este acaba por contar a Carlos o incesto que anda a cometer. Afonso da Maia morre de desgosto.

A história

A acção de "Os Maias" passa-se em Lisboa, na segunda metade do séc. XIX.
Apresenta-nos a história de três gerações da família Maia.
A acção inicia-se no Outono de 1875, quando Afonso da Maia, nobre e rico proprietário, se instala no Ramalhete com o neto recém-formado em Medicina. Neste momento faz-se uma longa descrição da casa – “O Ramalhete”.
 Afonso da Maia era a personagem mais simpática do romance e aquele que o autor mais valorizou, pois não se lhe conhecem defeitos. É um homem de carácter, culto e requintado nos gostos.

Lisboa

Há na obra um retrato da Lisboa da época. Carlos, que mora na Rua das Janelas Verdes, caminha com frequência até ao Rossio (embora, por vezes, vá a cavalo ou de carruagem). Algumas das lojas citadas no livro ainda existem – a Casa Havaneza, no Chiado, por exemplo. É possível seguir os diferentes percursos de Carlos ou do Ega pelas ruas da Baixa lisboeta, ainda que algumas tenham mudado de nome. No final do livro, quando Carlos volta a Lisboa muitos anos depois, somos levados a ver as novidades – a Avenida da Liberdade, que substituiu o Passeio Público, e que é descrita como uma coisa nova, e feia pela sua novidade, exactamente como nos anos 70 se falava das casas de emigrante.

O Ramalhete

Habitado no Outono de 1875, o Ramalhete situava-se na Rua de São Francisco de Paula, Janelas Verdes, Lisboa. É portanto uma casa afastada do centro de Lisboa, na altura, num local elevado da cidade, no bairro onde hoje se situa o Museu Nacional de Arte Antiga. O seu nome deriva do painel de azulejos com um ramo de girassóis pintados que se encontrava no lugar heráldio, ao invés do brasão de família. Estes girassóis não são desapropriados, pois simbolizam a ligação da família à terra, à agricultura.
O Ramalhete corresponde à descrição do palácio do
Conde de Sabugosa, grande amigo de Eça de Queirós e membro do grupo dos Vencidos da Vida. As paredes severas e a tímida fila de janelinhas são ainda visíveis nas fachadas do casarão.
Em Os Maias, o Ramalhete é visto em três perspectivas diferentes:
  • - Posto ao abandono
  • - Habitada por Carlos da Maia e o avô, depois de decorada por um inglês.
  • - Dez anos depois, posta novamente ao abandono, depois de ser habitada dois anos (2ª perspectiva) 
A crítica social/dos costumes

O romance veicula sobre o país uma perspectiva muito derrotista, muito pessimista. Tirando a natureza, é tudo uma «choldra ignóbil». Predomina uma visão de estrangeirado, de quem só valoriza as «civilizações superiores» – da França e Inglaterra, principalmente.
Os políticos são mesquinhos, ignorantes ou corruptos (Gouvarinho, Sousa Neto); os homens das Letras são boémios e dissolutos, retrógradas ou distantes da realidade concreta (Alencar, Ega…: lembre-se o que se passou no Sarau do Teatro da Trindade); os jornalistas boémios e venais (Palma…); os homens do desporto não conseguem organizar uma corrida de cavalos, pois não há hipódromo à altura, nem cavalos, nem cavaleiros, as pessoas não vestem como o evento exigia, são feias.
Para cúmulo de tudo isto, os protagonistas acabam «vencidos da vida».
Mais do que crítica de costumes, o romance mostra-nos um país – sobretudo Lisboa – que se dissolve, incapaz de se regenerar.
Quando o autor escreve mais tarde A Cidade e as Serras, expõe uma atitude muito mais construtiva: o protagonista regenera-se pela descoberta das raízes rurais ancestrais não atingidas pela degradação da civilização, num movimento inverso ao que predomina n’Os Maias.

O papel das mulheres na obra

Eça nasceu filho de uma relação não-marital. Embora os seus pais tivessem casado e tido mais filhos posteriormente, nunca o reconheceram como filho. Eça foi criado com a avó, depois com uma ama e, mais tarde num colégio. Os historiadores tentam estabelecer um paralelo entre o que a mãe de Eça representou para ele e a caracterização das mulheres na obra de Eça.
Na obra várias mulheres têm relações amorosas fora do casamento. A primeira é Maria
Monforte, a Negreira, que foge com o napolitano Tancredo, levando consigo a filha e originando a intriga principal. Raquel Cohen não resiste aos encantos de Ega, e amantiza-se com ele, mesmo sendo casada. O mesmo acontece entre Carlos da Maia e condessa de Gouvarinho. Maria Eduarda não era casada, mas apresenta-se em Lisboa com o apelido do acompanhante, ao passo que toda a sociedade lisboeta pensasse que este fosse seu marido. Ainda assim (e, aos olhos de Carlos, casada) envolve-se num romance com Carlos, que os leva a cometer o incesto.
Todas são caracterizadas como seres fúteis e envoltas num ambiente de insatisfação [Maria Monforte (enquanto casada com Pedro da Maia), a Gouvarinho e Raquel Cohen] e mesmo de degradação (imagem que é dada de Maria Monforte no seu apartamento de Paris).
Ao passo que Maria Monforte e Maria Eduarda se inserem das tramas secundária e principal, respectivamente, as duas outras personagens são personagens-tipo, que caracterizam a sociedade e os costumes da época.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

CV


 




Europass-Curriculum Vitae
Insira a sua fotografia. (facultativo, ver instruções)


Informação pessoal

Apelido(s) / Nome(s) próprio(s)
David António Ramires Guerreiro
Morada(s)
Rua Professor Cristo Fragoso, Lote 6, 7960-457, Vila de Frades, Portugal
Telefone(s)
Facultativo (ver instruções)
Telemóvel:
969682427
Fax(es)
Facultativo (ver instruções)
Correio(s) electrónico(s)
 dave__2@hotmail.com


Nacionalidade
Portuguesa


Data de nascimento
21/09/1993


Sexo
Masculino


Emprego pretendido / Área funcional
Programação e Gestão de Sistemas Informáticos


Experiência profissional
Programação/Montagem de Hardware


Datas
09/2009
Função ou cargo ocupado
Estudante
Principais actividades e responsabilidades
Estudar
Nome e morada do empregador
Escola Secundária D. Manuel I
Tipo de empresa ou sector
Escola Secundária


Educação e formação



Datas
17/09/2009
Designação da qualificação atribuída
Programação e Gestão de Sistemas Informáticos
Principais disciplinas/competências profissionais
Programação e Gestão de Sistemas Informáticos
Nome e tipo da organização de ensino ou formação
Programação e Gestão de Sistemas Informáticos
Nível segundo a classificação nacional ou internacional



Aptidões e competências pessoais



Língua(s) materna(s)
Português


Outra(s) língua(s)

Auto-avaliação

Compreensão
Conversação
Escrita
Nível europeu (*)

Compreensão oral
Leitura
Interacção oral
Produção oral

Língua


Boa

Boa

Suficiente

Suficiente

Boa
Língua











terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Análise da Obra

Além de o leitor mergulhar numa aventura junto às personagens Baltasar e Blimunda, é levado a uma revisão dos parâmetros que regiam a sociedade passada e às restrições ideológicas - referentes à Idade Média -, ambiente que se vê principalmente nas cenas dos monólogos de Bartolomeu, e no trágico fim de Baltasar Sete-Sóis. Posto como um dos melhores livros de José Saramago, lado a Evangelho Segundo Jesus Cristo, Memorial do convento é uma obra que revoluciona por ter sido elaborado com extrema precisão.

Tempo

Tempo histórico

O romance tem como plano de fundo o início do século XVIII. Uma época marcada pelos contrastes: as práticas retrógradas e medievais, do povo e da corte, em oposição ao esforço de modernização.

Tempo diegético

Na narração da obra a cronologia da acção, que sejam eventos reais ou ficcionais, data entre 1711 a 1738 (28 anos), iniciando com a apresentação do rei e terminando com o último auto-de-fé em Portugal, em que Baltasar morre.

Tempo do discurso

O modo como flui a cronologia da acção é na maior parte do romance linear, utilizado por exemplo para narrar a morte do sobrinho de Baltasar e do infante D.Pedro, e a elipse, utilizada na descrição do período em que Blimunda procurou Baltasar durante 9 anos; e ainda a presença do narrador através dos seus comentários, juízos críticos, registos de língua, e referências ao século XX.

Espaço

Ficheiro:Palácio Nacional de Mafra (1853).jpg
Palácio Nacional de Mafra.
Espaço físico
O cenário da obra tem dois macro-espaços:
  • Lisboa cujos micro-espaços são:
    • Terreiro do Paço - local onde se situava o palácio do rei, é o centro do poder;
    • Rossio - é o centro urbano onde tem lugar as festividades como os autos-de-fé, as procissões e as touradas;
    • Abegoaria- na Quinta do Duque de Aveiro, em S.Sebastião da Pedreira, é o local onde a passarola é construída.
  • Mafra:
    • Vila de Mafra: é uma pequena população que sobrevive pela agricultura e que vive isolada da civilização até o rei escolher Mafra como local da construção do convento;
    • Alto da Vela: é o local da construção do convento;
    • Ilha da Madeira: é um aglomerado de barracões de madeira onde se localiza os alojamentos dos operários que trabalham na construção do convento;

 Estrutura da Acção

A acção centra-se na construção do convento de Mafra, que funciona como eixo estruturador de toda a obra.
Deste modo, na linha diegética da construção do convento, são referidos os trabalhadores de Mafra que vivem a escravidão e que são valorizados pelo narrador. Na linha diegética do amor, são confrontados dois tipos distintos de relação amorosa, um representado pelo casal Baltasar e Blimunda, o amor puro, transgressor e que se basta por si próprio; o outro é o casal artificial, constituído pelo rei e pela rainha, que são estranhos que encontram-se exclusivamente por dever real.

Narrador

  • Estatuto:
    • É homodiegético, com a intenção de captar a atenção do narrador que se sente participante;
    • É heterodiegético, na maior parte da obra, quando narra a acção;
    • Por vezes torna-se autodiegético, quando representa um pensamento (não confundir com os diálogos) de uma personagem;

Focalização:
    • Omnisciente: tem um conhecimento absoluto tanto sobre as personagens, como sobre as informações dos eventos e move-se no presente, no passado e, consequentemente, no futuro. É como um Deus na narrativa, que tudo vê e tudo sabe;
    • Interna: a voz plural do narrador revela-se quando é mostrado o ponto de vista de uma personagem que vive a história. Estas são as seguintes:
    • Interventiva: é revelada quando o narrador tece comentários, juízos, registos de língua e marcas da contemporaneidade. Estas últimas, utilizadas com ironia, são as seguintes:
  • Intertextualidade com outras obras e autores de modo a ultrapassar as barreiras do tempo:
    • Padre António Vieira, com a sua oratória;
    • Fernando Pessoa, com Mensagem;
    • Camões, com Os Lusíadas;

Simbologia

  • Passarola: é tanto o símbolo da concretização do sonho, representando assim também a libertação do espírito e a passagem a outro estado de consciência, uma vez que que esta é igualmente um símbolo da ligação do céu e da terra, pois ousa sair do domínio dos homens e entrar no domínio de Deus;
  • Sete-Sóis: alcunha de Baltasar porque só pode ver à luz;
  • Sete-Luas: baptismo de Blimunda porque "vê" no escuro, devido aos seus dons;
  • Sol: representa a força e a própria vida, fazendo corresponder Sete-Sóis a Sete Vidas, transformando deste modo a personagem de Baltasar como representante de todo o povo. Por outro lado, o sol para nascer tem que vencer as trevas, do mesmo modo que Baltasar tem que vencer a Inquisição e a superstição popular.
  • Lua: Tradicionalmente a Lua simboliza, por não ter luz própria, o princípio passivo do sol. No entanto, a obra revoluciona o conceito da Lua ao dar a Blimunda capacidades sobrenaturais que dependem das fases da lua, tornando a tão relevante como o sol. Assim é também a relação de Blimunda e Baltasar, pois têm ambos igualdade de direitos e de relevância na obra;
  • Sete: este número representa a totalidade perfeita. Para além da utilização deste símbolo na expressão da completude de Baltasar e Blimunda, também é recorrido noutras situações, tal como no dia da sagração do convento.
  • Nove: representa o coroamento dos esforços, o concluir de uma criação, utilizado para simbolizar os 9 anos de procura de Blimunda por Baltasar;

Carácter transgressor

  • Amor de Blimunda e Baltasar, por não serem casados oficialmente e por viverem numa relação de igualdade, obtendo uma cumplicidade e uma perfeição;
  • Padre Bartolomeu, por perseguir o seu sonho e acreditar na ciência, pondo em causa o poder e dogmas da Igreja;
  • Passarola, ao voar ousa sair do domínio dos homens e entrar no domínio de Deus;
  • Escrita literária do narrador, por não conter marcas gráficas do discurso directo